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Mulheres na odontologia

Como em outros mercados de trabalho, as mulheres da odontologia também vão conquistando — com muito estudo, senso de empreendedorismo e dedicação — seu lugar neste que, há pouco tempo, era um campo majoritariamente masculino.

As pioneiras da então chamada medicina dentária começaram como assistentes e enfrentaram muitos preconceitos e machismo para se tornarem protagonistas da própria carreira.

As cirurgiãs-dentistas de hoje também são mulheres fortes e determinadas. E, se não encontram a mesma resistência que suas antecessoras para cursar a graduação, ainda precisam impor sua competência para alcançar ganhos salariais iguais aos de seus colegas do sexo masculino e superar questões de gênero que interferem no dia-a-dia do consultório.

No nosso artigo de hoje, vamos falar sobre as mulheres na odontologia, resgatando a história da participação feminina nesta que é uma das mais importantes áreas do mercado de saúde. Esperamos inspirá-la com boas razões para que você realize o sonho de abrir a sua própria clínica odontológica e empreender, a exemplo das médicas “dentárias” do passado e as cirurgiãs do presente.

Qual a história das mulheres na odontologia?

Emeline Roberts Jones é considerada a primeira dentista da América, tendo se iniciado na profissão em 1854, aos 17 anos, após seu casamento com o Dr. Daniel Albion Jones, em Connecticut. No entanto, apenas após 34 anos de exercício da profissão ela foi reconhecida como membro da Connecticut State Dental Society, em 1912.

Outra pioneira da odontologia foi Lucy Beaman Hobbs, contemporânea de Emeline, mas moradora de Nova York. Ela se graduou com um mestre-escola aos 16 anos e tentou, sem sucesso, uma vaga no recém-criado Ohio College of Dental Surgery (OCDS). Na época, as mulheres não eram admitidas como estudantes.

Sem desistir do sonho, Lucy pede emprego a vários dentistas da região de Cincinnati e consegue ser contratada como estudante particular pelo recém-formado Dr. Samuel Wardle. Em 1861, ela abriu seu próprio consultório.

A primeira brasileira a se graduar em odontologia foi Antonia d’Ávila, que fez o curso no Colégio da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Isabella Von Sydow é a primeira mulher a se graduar em odontologia no Brasil, em 1899, compondo o time dos quatro profissionais formados pela escola de odontologia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro — os outros três eram homens, integrantes da primeira turma da escola.

Quem são as mulheres de hoje da odontologia brasileira?

O machismo dificultou a entrada das mulheres nos cursos de odontologia, mas não pôde impedi-las de trilhar o próprio caminho. Ao longo dos séculos elas foram abrindo as portas das faculdades de odontologia e tornaram-se maioria.

Um estudo sobre o perfil dos cirurgiões-dentistas brasileiros, desenvolvido pela Faculdade de Odontologia de São Paulo, demonstra que na década de 1960, os dentistas eram majoritariamente do sexo masculino, representando 90% dos profissionais registrados no Conselho Federal de Odontologia (CFO).

Após 40 anos, as cirurgiãs-dentistas se tornaram maioria, representando 56,3% dos profissionais com registro ativo em 2008, acompanhando a ascensão geral das mulheres ao nível superior, um processo que se iniciou na década de 80.

Atualmente elas mantêm seu domínio: são 163.866 mulheres com registro ativo no CFO, contra 114.838 homens, de acordo com dados de 2016.

E elas são bem jovens — a maioria das profissionais tem entre 26 e 35 anos. Apenas na faixa etária acima de 56 anos é que os homens são a maioria dos profissionais formados.

As cirurgiãs-dentistas estudam mais que os homens

Assim como as demais empreendedoras — 36,2% das mulheres que empreendem têm curso superior completo, contra 23,9% dos homens, de acordo com um estudo do SEBRAE — as mulheres na odontologia também estudam mais, sendo a maioria dos profissionais com registro de especialidades no CFO.

Entre as especialidades majoritariamente femininas estão:

  • odontopediatria: 85% dos profissionais registrados são mulheres;

  • saúde coletiva: 63% de especialistas femininas;

  • dentística: 62% de domínio feminino;

  • endodontia: 57% são mulheres.

Elas também são a maioria, desde 2003, com diplomas de mestrado e doutorado, representando 58% do total de titulados em 2007.

As dentistas seguem quebrando barreiras no século 21

Mais de 100 anos após o primeiro diploma feminino em odontologia no Brasil, ainda há pioneirismo das cirurgiãs-dentistas. Débora Ayala Walverde é a primeira mulher do mundo a receber o prêmio de 1º lugar da Academia Europeia de Odontologia Estética.

A brasileira recebeu a premiação em 2004, devido à pesquisa na área de peeling gengival, que resultou no desenvolvimento de uma técnica para remoção de manchas de melanina na gengiva.

Quais são os desafios das mulheres na odontologia?

As profissionais da odontologia enfrentam os mesmos dilemas de gênero que as mulheres de outras áreas de atuação.

Ainda que tenham superado as dificuldades de acesso ao conhecimento enfrentado por suas antecessoras, as cirurgiãs-dentistas de hoje ainda precisam lutar pela equiparação de cargos e salários com seus colegas do sexo masculino.

Ainda que tenham o mesmo nível de escolaridade e responsabilidade que os homens, as mulheres ganham, em média, 34% a menos que eles.

Práticas machistas também expõem as cirurgiãs-dentistas. Assim como a maioria das mulheres, elas também precisam lidar com assédios de colegas e clientes, algumas vezes restringindo os horários de atendimento tardios em seus consultórios por questões de segurança.

Como as mulheres podem seguir abrindo caminho na odontologia?

Abrir o próprio consultório é uma alternativa para ganhar mais autonomia e gerenciar a própria carreira. O potencial e força das mulheres na odontologia vêm desde os primórdios da prática. As pioneiras abriram as primeiras portas e cabe a você seguir avançando e ocupando os espaços que deseja para ser uma dentista de sucesso.

Não por acaso a CEO da Sorridents, Dra. Carla Sarni, é uma mulher que lutou para se formar, trabalhou 12 horas por dia e manteve o compromisso de levar saúde bucal a quem mais precisava em seus projetos de ação social. Hoje, ela assume sua história e compartilha sua experiência para ajudar a empoderar outras dentistas e incentivá-las a buscar seu lugar de destaque na odontologia.

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