Apesar de não ser um tema visto em grandes campanhas de conscientização, o câncer de boca é o quinto mais comum entre homens e o nono entre mulheres no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Ainda segundo o INCA, só em 2015 tal patologia levou a óbito 5.898 pessoas. Dessas, 4.672 eram homens e 1.226, mulheres.
O nome pode confundir, mas são denominados cânceres de boca o cancro bucal ou câncer oral, todos os tumores malignos que acometem lábios e cavidade oral, o que inclui amígdalas, bochechas, glândulas salivares, mucosas, gengivas, língua, palatos duro e mole e o “assoalho” da boca.
Neste texto, explicamos tudo o que você precisa saber sobre o câncer de boca. Confira!
Causas da doença
Entre as principais causas do câncer estão o fumo e o álcool, apontados como grandes vilões da saúde bucal. Fumantes e pessoas que consomem bebida alcoólica de forma excessiva têm mais possibilidades de desenvolver o câncer de boca.
Não somente o cigarro comum industrializado, mas outros fumos e produtos originários do tabaco, como cachimbos, charutos, fumo de rolo, narguilé, cigarros de palha, de Bali, de cravo e até tabaco mascado, podem aumentar o risco de câncer bucal, uma vez que contêm substâncias químicas prejudiciais a essa região do corpo.
Esse risco aumenta progressivamente conforme é mantida a prática desses hábitos pela vida. Quanto maior o consumo de cigarro e de bebidas alcoólicas, mais chances de a doença surgir.
O sobrepeso e a contaminação por vírus HPV também estão associados aos casos de câncer bucal. Esse último fator é muito comum nos jovens de vida sexual ativa e apresenta um surgimento cancerígeno mais rápido, ao contrário do consumo de cigarros e bebidas alcoólicas, que provoca o desenvolvimento da doença devido à continuação do uso.
A exposição a certas substâncias químicas também aumenta as chances de câncer de boca, algumas são:
- agrotóxicos;
- amianto;
- formaldeído;
- fuligem de carvão;
- óleo de corte;
- poeira de madeira;
- poeira de couro;
- poeira de cimento;
- poeira de cereais;
- poeira têxtil;
- sílica;
- solventes orgânicos.
Diagnóstico e exames
O câncer de boca tem cura, por isso é importante realizar o autoexame e, na presença de alguma lesão persistente na região bucal, procurar profissionais de saúde da área: clínico geral, otorrinolaringologista, cirurgião dentista ou médico cirurgião de cabeça e pescoço. A avaliação clínica é indolor e rápida, confirmada por meio da biópsia.
Autoexame
Simples de incluir na rotina e indicado para cuidar da saúde bucal, o autoexame é uma avaliação que qualquer pessoa pode fazer para conhecer a estrutura normal da boca, pois, dessa forma, fica mais fácil identificar possíveis lesões anormais. Para sua realização, é preciso um espelho e um ambiente iluminado.
Assim como em outros casos de câncer, o autoexame não substitui a avaliação clínica realizada por um profissional, mas já dá um sinal de que é o momento de procurar o auxílio de um especialista.
Público com predisposição à doença
As neoplasias, mais conhecidas como câncer, têm presença mais frequente em sujeitos específicos. Tais indivíduos podem ter algum fator genético ou praticar hábitos que levam à predisposição dessas enfermidades. Por exemplo, pessoas de pele clara têm mais propensão a desenvolver câncer de pele, inclusive nos lábios. Assim, a incidência do câncer de boca é mais comum em:
- fumantes com mais de 40 anos;
- pessoas acima dos 40 anos que bebem excessivamente;
- indivíduos com baixo consumo de vitaminas, especialmente a C.
Esse público deve realizar o autoexame e consultar o médico regularmente. Contudo, não somente essas pessoas devem se preocupar com a saúde bucal. Os sujeitos fora desse espectro não são imunes ao câncer de boca. Por isso, todo mundo precisa se atentar às possíveis irregularidades nessa região do corpo.
Sintomas
Os sintomas do câncer de boca podem se manifestar com mudanças em seu funcionamento, como dificuldade de engolir a comida, e/ou na aparência. Alguns deles são:
- aspecto incomum dos lábios e da parte interna da boca;
- caroços;
- inchaços;
- verrugas;
- feridas persistentes por mais de 15 dias sem cicatrização;
- áreas de dormência;
- sangramentos sem justificativa;
- dor de garganta crônica;
- manchas esbranquiçadas ou avermelhadas.
Em estágios avançados, os sintomas incluem mau hálito, prejuízo na fala e na deglutição e emagrecimento excessivo (devido à dificuldade em ingerir alimentos).
Alguns sinais podem parecer não se relacionar diretamente com o câncer de boca, como dor de ouvido sem prejuízos à audição, sensação de algo preso na garganta, alterações e/ou rouquidão na voz, dentes moles, dor nos dentes e nos ossos da face — sobretudo mandíbula e maxila. Se notar alguns sintomas como esses, é necessário procurar um especialista para que examine a região e encaminhe para tratamento, se for o caso.
Tratamento
Ao ser diagnosticado com o câncer de boca, o paciente segue para o tratamento, que pode ser a realização de cirurgia, radioterapia ou ambos os procedimentos. No caso de lesões em fase inicial, os dois métodos apresentam bom índice de cura, e a escolha será feita pelo médico, apontando o melhor caminho para o paciente.
Cuidados para diminuir o risco do câncer de boca
Hábitos saudáveis de modo geral não só previnem cânceres e outras doenças como também fortificam o sistema imunológico. Com tal fortalecimento, o organismo lida muito melhor com as patologias, inclusive neoplasias. Isso favorece para uma recuperação mais rápida, além de aumentar a resistência referente a efeitos colaterais de medicamentos e de tratamentos e também consequências da própria doença. Por isso, ter uma dieta saudável e realizar atividades físicas são práticas indispensáveis.
Em relação aos cuidados mais específicos para inibir o câncer de boca, é possível adotar algumas ações, como:
- incluir mais frutas, verduras e legumes nas refeições;
- evitar ou diminuir o consumo de cigarro e álcool;
- manter a higiene bucal em dia;
- consultar o dentista regularmente;
- fazer uso de preservativo nas práticas de sexo oral;
- informar-se sobre o exame clínico da boca com o médico e agendar uma avaliação;
- evitar demasiada exposição solar sem protetor, pois isso aumenta as chances de ter câncer nos lábios.
Idas frequentes ao dentista possibilitam o diagnóstico precoce desse tipo de doença, algo indispensável para a recuperação. Quanto mais cedo detectado o problema, menos tempo o câncer de boca tem para se desenvolver. Dessa maneira, é mais fácil e mais rápida a eliminação das células cancerígenas, uma vez que o espalhamento pelo restante da boca, e até pelo corpo, pode ser impedido.
O dentista vai observar todas as partes da boca, não somente os dentes. Assim, se encontrar algo suspeito, pode fazer um exame mais minucioso e, caso necessário, encaminhar para um especialista ou indicar um tratamento, de acordo com o problema. Por tal razão, não deixe de consultar um dentista ao perceber algo incomum na boca.
Para saber mais sobre esse problema, veja estatísticas que confirmam que o câncer de boca já é o quinto mais comum entre os homens brasileiros.