Nossos índios já realizavam tratamentos dentários quando o País foi descoberto, e não se sabe desde quando essa prática era usada. Documentos dessa época indicam que eles tinham bons dentes. Passando pelas várias fases da história, a Odontologia brasileira chega aos dias de hoje com cerca de 220 mil profissionais, tecnologia avançada e muito trabalho pela frente na área de saúde bucal
Será que podemos sentir uma ponta de inveja dos habitantes do Brasil nos idos de 1500? A carta de Pero Vaz de Caminha descreve habitantes com bons rostos, o que pode indicar dentes sadios e bonitos. Crânios encontrados em Lagoa Santa (MG), em regiões litorâneas de São Paulo e do Paraná e observações dos primeiros colonizadores indicam que os índios tinham dentes bem implantados e com pouquíssimas cáries, mas acentuada abrasão, causada pela mastigação de alimentos duros. A tribo kuikuro, do norte do Mato Grosso, preenchia cavidades dentárias com resina de jatobá aquecida, que cauterizava a polpa e funcionava como uma obturação, depois de endurecida.
Na época da criação das capitanias hereditárias, entre 1534 e 1536, com a chegada das expedições colonizadoras e a formação dos primeiros núcleos de povoação, chegam ao Brasil mestres de ofício de diversas profissões. Eram artesãos entre os quais se incluíam os barbeiros, que eram as pessoas que tiravam dentes. O Regimento do Físico-mor de Portugal, datado de 25 de fevereiro de 1521 regulou o ofício desses profissionais.
O exercício da arte dentária no Brasil foi regularizado somente em 9 de novembro de 1629, com a Carta Régia de Portugal, que citava pela primeira vez os barbeiros. O Regimento do Ofício de Cirurgião-mor, de 12 de dezembro de 1631, estabelecia multa de dois mil réis para quem tirasse dentes sem licença, que era concedida pelo doutor Antonio Francisco Milheiro, responsável pela avaliação de sangradores, que também tiravam dentes, além das parteiras e barbeiros. Era preciso comprovar mais de dois anos de aprendizado nesses ofícios.
A sanção do Regimento ao Cirurgião Substituto das Minas Gerais, em 9 de maio de 1743, representa os primórdios da legislação ligada à Odontologia. Os pretendentes pagavam uma taxa para fazer o exame e obter a carta para trabalhar. Para melhorar a fiscalização nas colônias portuguesas, a rainha D. Maria I assinou, em 17 de junho de 1782, a criação da Real Junta de Protomedicato, que extinguiu os cargos de físico-mor e cirurgião-mor e passou a responsabilidade da concessão de cartas e licenças para essa junta, formada por deputados, médicos e cirurgiões aprovados. Os tiradentes ficavam sujeitos à fiscalização do Senado da Câmara e das Entidades Pias.