O Ricardo do blog Além da Separação estava na terrível dúvida da extração do famoso dente do Siso,confira no relato divertidíssimo como ele conduziu essa história e claro como a Sorridents teve um importante papel nesse momento.
Dentes… Pra quê te quero?!?
Já faz um bom tempo que os meus sisos nasceram. Ou melhor, os superiores nasceram e os inferiores fizeram um serviço digno da atual administração deste nosso País. Além de não nascerem completamente, ficaram na horizontal.
Os superiores extraí faz tempo, foi uma extração simples. Basicamente um empurrãozinho aqui, outro ali, um “crec” pra cá e dois pra lá… Um puxão e lá se foi um deles.
Depois de uns dias, foi-se o do outro lado. Quase a mesma coisa, acho que foi até mais simples. Mas aí chegou a vez desses inferiores.
-Bom, esses aqui vai ser mais complicado.
-Como assim?
-Vai ser preciso cirurgia. Aí é melhor fazer com a minha esposa. Lá no consultório dela é mais equipado e ela é especialista.
-Credo. Cirurgia?!?
-É. Mas é rotineiro. Não é um bicho de sete cabeças, só que eu nãofaço esse tipo de extração.
Bom, o dentista é meu amigo e lá fui eu fazer a avaliação com a esposa dele. Radiografia dos dois lados, panorâmica, etc,etc.
-É. Tão bem de lado.
-Muito complicado?
-Aparentemente não, mas não dá para dizer antes de abrir porque às vezes, na radiografia aparece tudo bonitinho mas quando abrimos a gengiva é uma complicação só. (excelente explicação!)
-Sei… E quanto fica isso?
-R$250,00
Achei caro, mas comecei a pensar que eram dois dentes e tal, e ela completou:
-…cada um.
Putz! 500 pilas para tirar esses &$*&@&# de dentes do siso? Nem a pau!
-Bom, eu vou pensar porque é meio caro…
-É preço padrão para esse tipo de cirurgia, mas se ajuda eu posso fazer em duas vezes.
-Tá. Vou pensar.
E fiquei pensando pelos próximos 6 ou 7 anos.
Aí, a coisa começou a incomodar porque esses bichos empurram os outros dentes e às vezes toda a arcada fica dolorida. Descobri uma rede chamada Sorridents que faz todos os procedimentos e ainda parcelam em várias vezes. Como são franquia, acabam com um preço mais em conta.
Fui lá porque a gengiva superior inchou e ficou muito dolorida. Com receio de ser uma gengivite ou algo assim, marquei uma avaliação.
Não sei como são as outras clínicas, mas a dentista que fez a minha avaliação é muito bonita. Isso, de alguma forma, ajuda bastante. Ela receitou um antibiótico e pediu retorno depois para fazer uma limpeza e já identificou de cara duas coisas: Os sisos e a falta de aparelho nos meus dentes.
-Então você toma esse antibiótio para cessar essa inflamação e depois volta.
-Ok.
-E você precisa tirar esses sisos, você sabe né?
-…Hmmmm.É, eu sei.
-E aparelho? Nunca pensou em usar? Dá para deixar os seus dentes direitinho.
-Ah, já usei um tempo,mas depois parei no meio e nunca mais voltei a usar. Já os sisos, esses tem incomodado mesmo.
Ela já me encaminhou à ortodontista (também uma moça muito bonita. O que acontece com as dentistas desse lugar??) Ela fez toda a avaliação, indicou que seria preciso extrair mais 4 dentes, ou fazer uma cirurgia maxi-bucal para corrigir a posição do maxilar inferior, mas essa teria que ser em um hospital mesmo. Eu heim?
Bom, tive que fazer uma radiografia panorâmica nesse meio tempo que serviria tanto para verificar se houve algum dano na raiz do dente por causa da inlfamação, como também para a ortodontia e a extração do siso.
No retorno, fiz a limpeza e já agendei a extração do siso. Na sexta feira antes do carnaval, assim teria tempo para me recuperar, já que eu previa que precisaria cortar o osso para liberar o dente e isso deveria doer pacas depois.
No dia fatídio tudo ia bem, não fosse um porém. Eu tenho um pavor incontrolável de agulha. Qualquer uma. Até para pregar botão em camisa eu suo frio. Mas fui tentando me “auto-convencer-me-a-mim-mesmo” durante o caminho de que essa fobia não existia.
E olha, vou te dizer. Não estava adiantando nada.
Sentado na sala de espera, fiz as minhas últimas tentativas, mentalizei a agulha, imaginei ela chegando e… Parei porque estava piorando tudo. Finalmente a dentista me chama.
Agora todo mundo vai achar que, ou estou mentindo ou então preciso desesperadamente de uma companhia feminina, mas ela também é bonita! Isso pra falar a verdade ajuda demais, porque já imaginou, você encarando uma fobia e ainda por cima aparece um rascunho do inferno feito a lápis com ponta solta para ter tratar??
E também, porque o instinto diz que você não pode dar vexame na frente de mulher bonita (feia pode).
Como é de praxe avise a ela da minha fobia, mas ela é super tranquila e isso passou uma segurança muito grande.
-Bom, estou vendo aqui na sua radiografia que eles estão bem deitados.
-É, mas eu queria tirar os dois hoje.
-Os dois? Eu acho que é melhor tirar um lado de cada vez, senão como você vai comer?
-Ah, de qualquer jeito eu vou ter que apelar para sopas, né? Então achei que seria melhor fazer tudo de uma vez só, ainda mais por causa desse med absurdo de agulha que eu tenho.
-Entendi. Mas vamos fazer assim. Vou tirar um só. Depois, se você estiver legal, tranquilo, tiramos o outro.
-Ok. Pode ser.
E lá fomos nós. Uma assistente acompanhava a dentista, do outro lado da cadeira. Basicamente para impedir que ficasse muito líquido acumulado na boca.
A cadeira começou a deitar e eu respirei fundo.
-Tudo bem?
-Sim.
-Então vamos começar. Essa pasta é um anestésico tópico. você nem vai sentir a picada da agulha.
-Hmm,hmm.
-Ok. É rapidinho e você vai sentir um formigamento.
Ela aplicou um pouco e esperou o anestésico agir e só então aplicou o restante. Foi bem tranquilo, apesar de eu ter a impressão que fiquei até sem respirar até ela terminar de anestesiar tudo.
Daí metade da minha boca começou a ficar dormente, mais precisamente o maxilar inferior e só do lado direito da boca.
A extração começou bem. Ela ia explicando os passos e a essa altura já não estava mais tão nervoso. Pelo menos eu acho que não.
Cortou a coroa e avisou “você vai sentir um pouco de pressão e vai ouvir um “crec”, ok?”
E lá se foi um pedaço do dente.
Maravilha. Se for assim, tiro os dois hoje mesmo, pensei confiante.
Mas aí ela começou a tirar a raiz.
-Hmmm. Eu vou ter que abrir mais um pouco. Vou usar a broca bem de leve para você não sentir muito a vibração, ok?
Eu não conseguia responder nada, mas estava confiante que não seria muito demorado.
Mas aí ela empurrava e nada. Mais broca, empurrava e nada.
-Não é possível que isto ainda seja osso.
Broca, broca. Empurra, puxa e nada.
Volta a broca. Empurra e dessa vez eu ouvi um “crec” e pensei: “beleza, acabou! vamos para o outro lado”.
E ela disse:
-Certo. Agora só falta a outra metade da raiz.
Aí eu pensei, quantas raízes tem essa porcaria afinal? Todo mundo fala que esses dentes do siso não prestam, que cariam à tôa, são fracos… Bom, não tava parecendo nada fraco não. Era mais uma mistura de Exterminador do Futuro com Duro de Matar.
-Hmmm… Esse pedaço vou tirar tudo na broca. Não vai sair.
E dá-lhe broca! Ainda bem que a minha fobia é da agulha, porque se fosse da broca ou do barulho do motorzinho…
Finalmente, um siso a menos. Feitos os pontos, finalmente pude fecha a boca. Foram só 2h com ela aberta e eu quase esqueci como se faz para fechá-la. Na hora, apesar de estar com os músculos da boca bem cansados, ainda achava que iríamos tirar o outro. Mas antes que eu fizesse qualquer insinuação a esse respeito ela disse:
-Olha, mesmo que você queira eu não vou retirar o outro dente hoje. Foi preciso mexer demais nesse aí e a possibilidade de ficar inchado é muito grande. Se eu fosse imprudente a ponto de extrair o outro lado também, você acabaria ficando com os dois lados tão inchados que não seria possível nem mesmo beber água.
Eu me sentia bem, sem dor, mas meio desgastado. Concordei imediatamente com ela.
Ela me deu uma dose de paracetamol, para prevenir a dor. Me deu a receita com os outros remédios que eu deveria tomar, compressas de gelo, repouso, nada quente, etc,etc.
Me deu também o telefone dela, caso eu tivesse alguma complicação ou dúvida. (Ok, ok. Sem piadinhas. Foi puramente profissional).
Comprei os remédios, voltei pra casa, peguei gelo para fazer as compressas e fiquei de cama. Depois de uns 30 ou 40 minutos, com a tv ligada e sem prestar muita atenção nela, veio um lampejo de lembrança.
Era a dentista dizendo algo sobre já tomar um dos remédios logo que chegasse em casa, algo sobre o paracetamol, remédio à base de cortisona…
E agora? Qual será? Comecei a olhar o monte de caixinhas em cima do criado mudo e aí a realidade me acertou feito um tiro.
O local da extração começou a doer e estava aumentando rápido. Fui ver a receita. Paracetamol deve resolver. CARACA! Era para ter comprado o de comprimido. Esqueci.
Deixa ver o que tem aqui (e a dor aumentando)… Só tem infantil! Vai ter que servir. Mas aí, antes que eu conseguisse pegar uma dose, a dor ficou insuportável e eu mal consegui tirar o frasco da caixa.
Vendo que eu estava com algum problema minha mãe imediatamente veio e fez a única coisa que seria possível fazer naquela situação:
-O que você tá procurando?
Eu não consguia nem pensar quem dirá responder algo. Reunindo o que me restava de controle, comecei a bater com o dedo na caixa e tentei (em vão) tirar o frasco dela.
-Você quer o quê? Paracetamol? Mas isso é para criança, não é muito fraco?
Sim. A minha mãe escolhe sempre os melhores momentos para discutir os assuntos mais relevantes.
-Ah, deixa eu pegar o meu óculos. Porque aqui tem um remédio que o seu pai tomou quando fez os implantes dentrários dele. Deixa eu ver… (calmamente vasculhando o armário) É esse aqui, ó. Lisador. Não é para você tomar esse aqui?
A essa altura eu já estava tentando tomar o paracetamol com a caixa e tudo mesmo, só não consegui porque era impossível abrir a boca. A dor era insuportável. Eu peguei a caixa e comecei a agitá-la para ver se caía o frasco de dentro.
-Você quer esse aqui mesmo? Mas cadê a receita? Ah, aqui tá falando que é o de comprimido, cadê o comprimido, você comprou?
Eu balbuciei algo como “Nãããã~…”. quem sabe ela entenderia que eu queria aquele porque não tinha o comprimido.
-Não? Mas porque não comprou? Eu vou lá comprar então.
-HMMhHnmMMHHmh mh MHMHMHMMHmhmMHMHMHmhmhmhhmhhmMHM!
-Ah, tá bom. vou dar esse aqui então. Quantas gotas?
-HHHHHHMMMUMMMMMUMMMMMMMMFMMHMMHMMMHM
-Pronto tá aqui.
Eu nem lembro como eu fiz para beber, mas logo em seguida a dor começou a diminuir.
E voltei a pôr gelo. Minha mãe foi comprar os comprimidos mesmo assim. Mas a dor mesmo, já estava passando.
Fiquei o carnaval todo praticamente de cama e tomando sopa. PAra não ficar só nisso fiz gelatina. Ou melhor, ia fazer mas minha mãe acho que eu estava dopado demais para operar o fogão.
É, um siso e 4 Kg a menos!
Fonte: http://alemdaseparacao.blogspot.com/