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Os benefícios e os riscos de mudar de ramo nos negócios


Fazer um diagnóstico da empresa e do gestor pode ajudar a administrar a nova atividade, segundo especialistas

Bruna Bessi, iG São Paulo | 08/09/2010

Com mais de 14 anos dedicados à administração de clínicas e franquias da empresa odontológica Sorridents, o dentista Cleber Soares resolveu diversificar seu ramo de atuação e abrir a cafeteria São Café. O empresário é um dos exemplos de empreendedores que, diante de boas oportunidades ou apenas vontade de se expandir, abre o segundo negócio. Do mesmo ramo ou de áreas diferentes, a nova empresa traz desafios e requer cuidados na administração.
As dificuldades iniciais enfrentadas com a nova empresa estão relacionadas com o grau de semelhança com o negócio mais antigo. Ao escolher uma área parecida com a que está consolidada, o empresário tem menos problemas, já que possui conhecimentos anteriores. Entretanto, se o ramo for diferente, o desafio é maior e mais cuidados devem ser tomados.
“Diante de um segmento novo, o ideal é fazer uma boa rede de contatos, procurar consultorias, fazer cursos, participar de feiras ou contratar profissionais que já tenham experiência e conhecimento no negócio”, diz Marcos Hashimoto, coordenador do centro de empreendedorismo do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).
O impulso para a abertura do segundo empreendimento está relacionado com o cenário econômico positivo registrado nos últimos anos. “Além do controle da inflação, houve um crescimento da economia no período”, afirma o Sebrae em nota. A taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas também caiu, o que dá um estímulo adicional para a diversificação. Em São Paulo, nos cinco primeiros anos de atividade 58% fecharam as portas. Em 2000, a fatia era de 71%.

Do consultório para o café

Cleber Soares, dentista e administrador, é um exemplo de empresário que diversificou sua área de atuação. Junto de sua esposa, a também dentista Carla Renata Sarni, criou a cafeteria São Café após mais de 14 anos se dedicando às clínicas e franquias da empresa odontológica Sorridents.
Um pequeno consultório foi o primeiro negócio aberto pelo casal em 1995. Com o passar do tempo e a fidelização dos clientes foi possível, sete anos depois, montar uma clínica com dez salas. O sucesso obtido fez com que outros consultórios fossem abertos por meio de sociedades. Entretanto, problemas com uma delas e outros dentistas querendo usar o nome da Sorridents, impulsionaram os administradores para transformar a marca em uma franquia. Hoje, são 45 clínicas próprias e mais de 113 franquias em funcionamento. A marca é presente em 12 estados, com 80% da rede localizada em São Paulo. Somente em 2009, o grupo (clínicas próprias e franquias) faturou R$ 120 milhões.
Para a gerência dos negócios, os empresários montaram uma sede administrativa, no Jardim Anália Franco, em São Paulo, e adquiriram um terreno em frente. Cercada por comércios, hospitais e indústrias, Soares percebeu que a região não tinha uma cafeteria que investisse no café gourmet. Diante da oportunidade, o casal abriu o segundo negócio com um investimento de R$ 100 mil e instalou a São Café no terreno em frente à sede.
Sem experiência com cafeterias, Soares delegou a administração do novo empreendimento a um gestor. Entretanto, os resultados iniciais não foram positivos. “Montamos o negócio apesar de não termos experiência no ramo, e a principal dificuldade foi não encontrar mão de obra qualificada, além da demanda ser menor do que o esperado”, diz.
O que antes era pouco rentável, hoje pode se tornar uma franquia. Com quatro funcionários, o São Café busca personalizar os produtos, “O plano de expansão foi segurado por que não encontrávamos um gestor adequado. Mas agora estamos prontos para crescer”, afirma o dentista.
Identificar possibilidades
Segundo Hashimoto, na abertura de um negócio com ramo diferente, os desafios iniciais serão principalmente a falta de conhecimento no ramo, mão de obra qualificada e capital, além dos riscos do mercado. Para adequar-se à nova realidade é preciso fazer uma análise do perfil do empresário. “Se o empreendedor for ousado, é melhor dedicar-se ao novo negócio. Entretanto, se tiver um perfil administrativo e abriu a nova empresa porque identificou uma boa oportunidade, o ideal é arrumar um sócio arrojado e se manter na gerência”, afirma.
Além da preocupação com o segundo negócio, o empreendedor deve fazer um diagnóstico do que já possui para que mantenha o bom desempenho. “Por meio dessa análise ficará mais fácil identificar possíveis gestores e funcionários que poderão assumir mais responsabilidades”, diz o coordenador.

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