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É verdade que líderes já nascem prontos?

Hoje na coluna Palavra da Coach , Selma Abramo nos fala sobre liderança e como nascem os lideres! Vale a pena conferir!

No meu trabalho como coach de executivos, várias são as questões e queixas relacionadas à liderança. A grande maioria, com quem trabalhei e trabalho, afirmam ter como objetivo tornar- se um grande líder. Porém, a dúvida mais frequente no início do coaching era: Será que os líderes já nascem com essa competência? Ou será possível desenvolvê-la?   

 Se partíssemos do pressuposto de que os líderes já nascem prontos, então não haveria necessidade de desenvolvê-los para se tornarem líderes. Liderar é uma maneira de agir, um jeito de ser e que todos nós podemos aprender. Mas, nem todos estão preparados para essa tarefa ou querem aprender, portanto, liderança é para quem tem pré- disposição, para quem gosta de desafios e principalmente de gente.

Lidar com diferentes tipos de pessoas e ainda por cima obter resultado delas, não é tarefa fácil. Liderar é parte de uma competência que requer conhecimento.  Quando falo de conhecimento me refiro às competências técnicas e conhecimento do negócio ao qual o líder está envolvido. Pessoas sentem-se mais seguras com um líder que sabe o que está fazendo, no entanto, ter conhecimento só não basta.

Certa vez um coachee1, jovem ainda me perguntou o que era preciso para ele se tornar grande líder? Eu respondi. Prática e tempo.

 Esse mesmo coachee que me fez a pergunta teve como tarefa desligar um colaborador antigo de uma unidade de sua empresa. Um dia após o desligamento ficou sabendo que esse colaborador teve um infarto e veio a falecer. Foi um choque, milhões de questionamentos vieram a sua mente, principalmente a culpa. Claro que a culpa não foi dele, pois estava cumprindo uma ordem e também não sabemos se a demissão foi a causa ou não do óbito. Mas, essa experiência traumática o levou a refletir sobre sua postura como líder, suas atitudes e sua percepção do outro. A grande escola da vida nos ensina a desenvolvermos a sensibilidade e a habilidade para lidar com pessoas e o tempo nos ensina termos paciência e sabedoria, pois nem tudo acontece no tempo e do jeito como gostaríamos que acontecesse.

 Ter conhecimento e prática é o suficiente? Não. É preciso desenvolver as competências emocionais como segurança, autoconfiança, empatia, firmeza, bom humor, saber ouvir, percepção emocional de si e dos outros. Atitudes, que considero indispensáveis para um líder. Além disso, um bom líder liderara pelo exemplo, como um modelo a ser seguido pela sua congruência, influência, responsabilidade e sinceridade consigo mesmo.  Aquele velho ditado faça o que eu mando e não faça o que eu faço já caiu por terra há muito tempo. Hoje o ditado é, faça como eu faço.

Para desenvolver essas competências emocionais, considero três fatores importantes: autoconhecimento, saber se comunicar e pensamento sistêmico.

Primeiro: O autoconhecimento é, sem dúvida, o fator fundamental para o desenvolvimento das competências emocionais. Como dizia Sócrates: ”Conheça a ti mesmo”. Quanto mais um líder conhecer seus pontos fortes e fracos mais adquire autoconfiança, segurança e autocontrole, pois aprende a lidar com suas próprias ferramentas e aplicá-las de maneira assertiva. Um bom líder desenvolve a si e a sua equipe.

Segundo: Saber se comunicar implica em saber ouvir e ouvir é diferente de escutar.  As pessoas em geral têm forte tendência de atropelar a comunicação. A ansiedade para resolver e obter resultados faz com que as pessoas corram sem prestar atenção no que especificamente seu interlocutor quer. Um líder precisa aprender a minimizar sua ansiedade prestando atenção no que o outro está falando. Além do que precisa deixar claro seus objetivos e certificar se a mensagem está sendo entendida por todos. Sempre que possível fazer uso de perguntas abertas para que haja mais conteúdo e qualidade nas respostas.

Terceiro: Um líder precisa ter uma visão sistêmica. Saber que as partes funcionam como uma estrutura organizada e se influenciam mutuamente. Precisa entender que não está sozinho, que qualquer tomada de decisão tem consequências dentro do sistema. Suas decisões devem ser analisadas em conjunto por seus pares e equipe antes de serem implementadas.

Portanto, não basta nascer com o dom para liderança é preciso muito mais. Outro fator importante tanto quanto os citados anteriormente é, saber pra quê ser um líder? Qual o propósito? Quando fazemos essas perguntas adentramos numa questão que vai além de uma posição ou salário, passamos a refletir sobre a nossa missão. Ninguém é líder por acaso. Quando entendemos nossa missão, o propósito que está por trás de tudo, descobrimos o verdadeiro sentido da vida. O que nos motiva a continuar na tarefa. Talvez a missão seja fazer a diferença na vida das pessoas.

Selma Amaro

COACH


1 Coachee é a pessoa que passa pelo processo de coaching.

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