Se você sofre de retração gengival, saiba que não está sozinho. O problema é um dos mais comuns quando o assunto é saúde bucal, afetando cerca de 30% da população acima dos 30 anos. Mais do que a alta frequência com que ela se desenvolve, o assunto já tomou conta dos consultórios odontológicos por representar também um risco à estética do sorriso.
Para entender a gravidade do problema que ele pode causar e quais as formas de solucioná-lo, separamos um artigo que vai te deixar por dentro de tudo o que precisa saber sobre retração gengival.
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O que é retração gengival?
Mas, afinal, o que é isso?
Também conhecida como recessão gengival, o problema nada mais é do que o deslocamento da margem da gengiva, ocasionando a exposição das raízes dentárias, resultando na sensação de dentes mais longos. Os motivos para isso acontecer são diversos e podem estar ligados a fatores diferentes.
Tudo acontece quando há reabsorção (perda do osso) do ligamento periodontal que circunda as raízes, estrutura do periodonto, que entre as suas funções tem a de realizar a sustentação das gengivas.
Quais são os sintomas da retração gengival?
Segundo dados publicados pela OMS em 2018, quase 90% da população do mundo possui algum tipo de inflamação na gengiva. Como muitas delas são silenciosas, os pacientes demoram a procurar ajuda e os problemas acabam se agravando.
A melhor forma de identificar a retração gengival é através do olho. Ao perceber que a gengiva está menor do que o de costume, que o dente parece estar mais longo e que o espaço entre ele e a borda da gengiva está amarelado, é muito provável que você sofra de retração gengival.
Mas os sintomas não param por aí.
Assim como a maioria dos problemas na gengiva, a recessão pode causar sangramento espontâneo, durante as refeições, enquanto se escova os dentes ou quando o fio dental é usado, sensibilidade na gengiva, principalmente com alimentos e bebidas geladas ou pastosas e com jatos de ar, dor no dente, dor na gengiva, vermelhidão na gengiva, mau hálito e, quando a gravidade for maior, perde-se os dentes.
Causas da retração gengival
São muitas as situações que podem levar uma pessoa a desenvolver retração gengival e descobrir qual delas é a responsável pelo problema, é essencial para um diagnóstico completo e um tratamento preciso e definitivo. Porém, duas causas são as mais comuns entre os pacientes que apresentam este quadro: trauma e periodontite.
Alguma vez você exagerou na força ao escovar os dentes e as gengivas e viu que isso resultou em um leve sangramento? Então, isso é o resultado imediato de um trauma causado pela escovação, devido ao excesso de pressão colocado na boca ou ainda por conta do uso de uma escova com cerdas duras. A repetição deste erro pode causar, em longo prazo, o desenvolvimento da recessão gengival.
O segundo motivo que mais leva ao desenvolvimento do problema é a periodontite. Ela é uma alteração gengival, que causa a destruição do osso que serve de suporte para as raízes dentárias, resultando em perda de dente e retração da gengiva.
A periodontite é consequência de um processo inflamatório, em decorrência do acúmulo de placa bacteriana nas bordas da gengiva, resultado da falta ou má higienização. Outras infecções na gengiva também podem causar o mesmo problema.
Outros cenários que podem ser responsáveis pelo surgimento de retração gengival são:
- mau posicionamento dos dentes (em decorrência de má formação ou trauma);
- acúmulo de tártaro;
- procedimentos odontológicos mal executados (clareamento dos dentes, instalação de próteses ou aparelhos);
- bruxismo;
- hereditariedade;
- alteração hormonal em mulheres;
- lesões provocadas na gengiva pelo uso de piercings;
- sistema imune fragilizado devido a AIDS, leucemia e quimioterapia, por exemplo;
- uso de medicamentos;
- fumar;
- diabetes.
Além disso, pessoas com mais de 30 anos apresentam propensão maior ao desenvolvimento do problema, mesmo que não apresentem nenhuma das características que acabamos de citar acima.
Retração gengival causa algum tipo de dor?
A resposta para essa pergunta depende do quão desenvolvido o problema está.
Os primeiros sinais da retração gengival são mais visuais. Mesmo nos casos em que há sangramento, no início ele acontece sem que tenha dor. Por isso, muitos pacientes sequer conseguem identificar que algo está errado.
Porém, quanto mais exposta vai ficando a raiz do dente, mais sensível a região se torna. Em pouco tempo, a sensibilidade pode evoluir para dores agudas, principalmente quando há a ingestão de alimentos frios ou pastosos e bebidas geladas, transformando a alimentação em um problema para o paciente.
Diferentemente das coroas dentárias, que são revestidas por esmalte, as raízes não possuem esse tipo de proteção. Quem faz esta função é o cemento, uma estrutura bem mais fina e frágil. Ela pode facilmente ser desgastada pelas cerdas da escova de dente durante o processo de higienização.
Quando há esse desgaste, a parte responsável pela sensibilidade à dor fica exposta, tornando mais fácil e corriqueiro o envio de estímulos dolorosos para o cérebro. Eles podem ser leves, fortes, intensos e acontecer de forma espontânea.
Quais problemas a retração gengival pode desencadear?
Pensando na saúde bucal do paciente, o menor dos problemas que a retração gengival pode desencadear é o estético, pois a vermelhidão da gengiva, a exposição da raiz dentária e a base da gengiva amarelada deixam o sorriso menos favorável. Em casos mais agudos, só de falar já é possível notar com tranquilidade essas características.
Ainda que a estética não tenha influência na saúde bucal, ela é muito importante para a saúde psicológica do paciente, com quadro de recessão. O medo de expor o problema em público e ficar constrangido pode ter um impacto importante na autoestima. Em casos mais graves, isso pode ser um gatilho para o desenvolvimento de depressão.
Além disso, são vários os problemas bucais que podem surgir com o desenvolvimento e a evolução da retração gengival. Sensibilidade nos dentes e gengiva, dificuldade para higienizar corretamente e eliminar as placas bacterianas, favorecimento da formação de cárie, surgimento de cavidades e outras inflamações gengivais são as principais consequências que podem atingir um paciente.
Em quadros mais evoluídos, os traumas durante a escovação e o uso de fio dental se tornam corriqueiros. Neste mesmo cenário, a retração gengival também dificulta que tratamentos odontológicos sejam realizados, seja para corrigir a recessão ou outro problema, impossibilitando a aplicação de próteses dentárias, aparelhos e tratamentos estéticos.
Tratamentos para a retração gengival
A retração gengival pode ser controlada e até curada quando tratada ao sinal dos primeiros sintomas, antes que o problema se desenvolva. Como explicamos anteriormente, só a ida a uma clínica de confiança poderá indicar a abordagem correta que será feita para resolver ou amenizar o deslocamento da gengiva.
O importante é atacar a origem do problema. Em alguns casos, isso é bem simples e não vai dar muito trabalho. Em outros, porém, pode ser necessário um acompanhamento médico mais próximo e tratamentos mais sofisticados.
Ao primeiro sintoma da retração gengival, além de procurar um profissional capacitado, o paciente pode começar imediatamente a melhorar a forma como cuida de sua saúde bucal, escovando os dentes de forma correta, com movimentos macios, e utilizando uma escova com cerdas moles, pelo menos duas vezes ao dia. É necessário também o uso do fio dental para que a higienização seja completa.
Se a recessão for resultado de uma infecção gengival, o dentista precisa tratar deste problema com o uso de medicamentos. Ele ainda pode receitar creme dental, enxaguante bucal, gel e fio dental específicos que irão auxiliar no combate da infecção.
Quando há acúmulo de tártaro ou de placa bacteriana (periodontite) no interior da gengiva, o profissional necessita fazer uma limpeza dentária, raspagem e alisamento radicular.
Os pacientes que apresentam retração gengival em decorrência de dentes mal posicionados provavelmente precisarão corrigir este problema através de aparelho dentário.
Em casos onde o problema acontece devido ao uso de algum medicamento, é preciso consultar o dentista para descobrir se existe outra fórmula que pode substituir a que está sendo usada ou se há algum produto que possa ser usado para reduzir ou acabar com o efeito colateral.
Quando é necessário fazer procedimento cirúrgico para corrigir a retração gengival?
Ainda que os tratamentos acima consigam acabar com a origem da retração gengival, os seus danos são irreversíveis. Sendo assim, em quadros mais graves onde o problema não foi corrigido e acabou se desenvolvendo bastante, somente procedimentos cirúrgicos conseguem trazer novamente a estética natural do seu sorriso.
Isso acontece porque o osso reabsorvido e as gengivas não possuem propriedades regenerativas e nem conseguem realizar esse processo de regeneração por meio de medicamentos.
A cirurgia pode acontecer de duas formas.
Na primeira delas, há a utilização de enxertos de gengiva. Eles podem ser livres (coletado em uma região distante daquela que receberá o enxerto), de tecido conjuntivo (coletado na parte interna da gengiva) e biossintéticos (utilizando matérias sintéticos) – existe ainda o enxerto de origem animal (obtido através de uma membrana conjuntiva de animais modificados), mas a técnica foi proibida no Brasil (ela é bem utilizada na Europa e nos Estados Unidos).
A segunda técnica é realizada sem enxertos. São realizados pequenos cortes nas regiões vizinhas às gengivas retraídas, usando o bisturi para desenhar as papilas gengivais que sumiram, recobrindo as raízes dentárias expostas.
Como uma parte dessa gengiva ainda permanece conectada a vizinha de forma natural, os vasos sanguíneos conseguem nutrir a região de forma a permitir o tratamento estético. Depois de recobrir as áreas expostas, o cirurgião sutura a gengiva no seu novo local.
A decisão de qual técnica será utilizada não é uma escolha exclusiva do paciente e do dentista. É preciso saber qual a origem do problema, a gravidade do quadro e as limitações técnicas dos procedimentos sem enxertos para definir como será a abordagem.
É importante que o paciente saiba que nem todos os casos apresentam resultados 100% positivos após a primeira intervenção cirúrgica – especialmente quando há mais de uma região com retração gengival. Isso não significa que o ela seja ineficaz.
Pelo contrário, com o novo reposicionamento da gengiva, ela passa a exercer novamente o seu papel de proteção dentária. Porém, as pessoas que são esteticamente mais exigentes podem recorrer a uma segunda cirurgia para deixar o sorriso ainda mais natural.
Se por um lado os tratamentos sem cirurgia não conseguem reverter os danos estéticos causados à gengiva, os procedimentos cirúrgicos também não são capazes de consertar outro problema decorrente da retração gengival: a reabsorção.
A reconstrução deste osso que tem como finalidade dar suporte à gengiva é importante e tem impacto direto nos resultados do tratamento a longo prazo. O problema é que isso só pode ser feito por meio de processos cirúrgicos e eles são bem limitados, sendo, quase exclusivamente, tratados com implantes osseointegrados.
Como realizar a higienização correta e qual escova usar?
É impossível responder de forma genérica, qual a melhor maneira de escovar os dentes.
Vários fatores influenciam na maneira como essa parte da higienização deve ser feita: número de dentes, seu formato e posicionamento, biotipo, espessura e retração da gengiva, existência de prótese ou de alguma restauração e a habilidade individual de cada pessoa.
Ou seja, para cada um há uma maneira personalizada de escovar os dentes. Por isso, é necessária a avaliação de uma clínica de confiança para saber a técnica mais indicada a você.
Com relação à escova de dente, cientificamente aquelas que possuem cerdas macias são mais recomendadas para prevenir a retração gengival, uma vez que são menos agressivas. Porém, a utilização deste tipo de item para realizar a higienização pode desenvolver, em algumas pessoas, problemas como periodontite e gengivite.
A explicação para isso está no fato de que escovas deste tipo exigem do paciente uma técnica mais apurada durante a higienização bucal. Como as cerdas são macias, pode ser que a placa bacteriana não seja removida devido aos movimentos errados do indivíduo.
Mais uma vez, é recomendado que um profissional seja procurado para que, assim, ele ensine a forma correta que a limpeza deve ser feita.