A média é de 13 dentes perdidos na faixa etária dos 35 aos 44 anos. Pesquisa tenta explicar os motivos
Adultos e idosos apresentam um elevado número de dentes perdidos. Enquanto a média é de apenas uma perda entre adolescentes de 15 a 19 anos, entre os adultos de 35 a 44 anos esse número se eleva para 13 e sobe para 25 na terceira idade. É o que mostra uma pesquisa realizada na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp pela Cirurgião-Dentista e doutora em Saúde Coletiva, Marília Jesus Batista.
Ao todo, o estudo analisou 386 pessoas da região metropolitana de São Paulo e Jundiaí, na faixa etária dos 20 aos 64 anos. Além de passarem por exame clínico bucal, os pesquisados preencheram um questionário para a obtenção de dados socioeconômicos, demográficos e de uso de serviços, e para verificar o impacto da saúde bucal na qualidade de vida.
Mas qual o motivo para números tão diferentes entre as diversas faixas etárias? “Na realidade, não existe um único motivo que causa a perda dentária”, explica Marília. A baixa faixa econômica é uma das razões, já que a pessoa não procura um tratamento preventivo. De acordo com o estudo, aquelas que possuíam renda familiar menor e foram ao Cirurgião-Dentista há menos de um ano apresentaram placa visível no momento do exame. Já os mais velhos tinham maior prevalência de perdas dentárias. “Normalmente, os adultos procuram o Cirurgião-Dentista quando a cárie já está num estágio avançado da doença, restando poucas alternativas de tratamento conservador. A opção mais barata e rápida é a extração”, afirma a pesquisadora. Diversos estudos têm demonstrado que a cárie é a principal causa das perdas dentárias, seguida de doença periodontal e sequelas de atitudes inadvertidas de profissionais de Odontologia, que realizam tratamento reparador sem levar em consideração os riscos do paciente em relação às doenças bucais.
E o impacto dessa perda dentária, além de socieconômico, afeta diretamente na qualidade de vida da pessoa, seja pelo aumento de casos de dor ou pela diminuição da auto-estima. Para a pesquisadora, a saída para o alto índice de perda de dentes no país está nos programas de promoção de saúde bucal, que devem ser baseados nos princípios do Sistema Único de Saúde. Eles precisam garantir acesso à saúde a todas as pessoas, tratamento integral – preventivo, básico, especializado ou reabilitador -, e mais oportunidades a quem não tem condição econômica..
A meta da Organização Mundial de Saúde para 2020 é diminuir o impacto da saúde bucal no desenvolvimento psicossocial. “É recomendável que a prevenção seja focada no indivíduo, gerando autonomia para o autocuidado e para a opção pelo tratamento conservador”. No entanto, isso só será possível com um trabalho de conscientização sobre a importância de manter os dentes saudáveis para garantir uma boa qualidade de vida.
Fonte: APCD