Tecnologia e técnicas variadas auxiliam a perder o temor frente ao avental branco
Chris Bertelli, iG São Paulo | 02/09/2010 11:00
Relaxar no dentista é difícil? Que tal apostar na tecnologia para dar uma ajuda?
Não é difícil para um dentista identificar pacientes com medo: o corpo fala.
Aquele que senta, cruza os pés, segura os braços da cadeira, tensiona os ombros e fecha os olhos quando abre a boca está dando todos os sinais de que não gostaria de estar ali.
Aprender a identificá-los é tão importante que virou matéria dada em sala de aula.Na universidade os professores mencionam essas características, assim você já sabe como começar com o paciente: tentando deixá-lo tranqüilo.
De acordo com dados da Sociedade Americana de Odontologia três em cada 10 adultos têm medo de ir ao dentista. Não existe levantamento semelhante no País, mas Newton Miranda Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), acredita que os números devem ser semelhantes ou até maiores. “Aqui ainda temos o problema da falta de informação”, diz.
O receio de visitar o consultório preocupa especialistas, porque pode afastar uma pessoa com problemas bucais do tratamento correto e agravar ainda mais a situação.
Relatos como esse não são incomuns. “Eu tratava um veterano de guerra, que não conseguia sentar na cadeira sem tomar alguma droga”, descreve Carvalho. Pacientes que chegam a esse extremo são chamados odontofóbicos, ou seja, desenvolveram um medo exacerbado de ir ao dentista. Para esses casos, a recomendação é terapia.
O tratamento psicológico é indicado quando o medo acarreta muito sofrimento, quando a pessoa recusa tratamento por causa desse medo e quando sofre só de pensar que terá de enfrentar os procedimentos e não consegue superar sozinha seu sofrimento.
“Não é possível determinar quanto tempo uma pessoa vai precisar de tratamento, mas tende a ser uma terapia focada e breve, de curta duração. Em poucas sessões o paciente aprende que não corre perigo e que a dor imaginária ou real é suportável. Aprende a controlar a ansiedade”, diz a psicóloga Márcia Copetti, do Rio Grande do Sul.
Mas quando a sensação está mais para aquele suor frio, uma certa ansiedade, e não chega a ser impeditivo de consulta, tecnologia e técnica podem ajudar a melhorar a relação entre o dentista e o paciente.
Hi-tech
A evolução dos aparelhos usados no tratamento também contribui para que o receio seja deixado do lado de fora do consultório. O laser é uma das grandes apostas nesta área, substituindo o temido “motorzinho”, cujo barulho está muito associado à dor.
“É uma tecnologia que ainda não conquistou todos os consultórios porque é cara. Mas ela já existe. Para tratar cáries pequenas também temos o selante, um material transparente ou branco que, pincelado na superfície do dente, cria uma barreira contra as bactérias”, explica Carvalho.
Até as queixas mais simples estão sendo abolidas com ajuda da tecnologia. A picada da anestesia tem sido substituída por máquinas com agulhas ainda mais finas, tornando a aplicação simples e indolor. Para o presidente da SBO, com todas essas novidades, há muito a odontologia não pode ser mais relacionada à dor. “A fobia é mais de ordem cultural e de desconhecimento da realidade”, diz.
O acompanhamento correto feito de seis em seis meses é capaz de prevenir possíveis problemas bucais e evitar tratamentos que possam envolver algum tipo de dor.
Dicas para se manter tranquilo durante uma consulta:
* Converse com o profissional antes de começar a consulta e fale sobre seu medo
* Se achar melhor, peça para que ele explique os procedimentos antes de começá-los
* Combine sinais para o caso de ter dor ou medo. Por exemplo, se você levantar a mão, ele para
* Tem receio do barulho dos aparelhos? Leve um rádio ou iPod com músicas relaxantes
* Procure sempre um profissional de sua confiança